Amante é melhor que Marido – Parte I

Amante é melhor que Marido – Parte I
Em determinados momentos na vida , devemos ter precisão absoluta na escolha da decisão a ser tomada. Na mesma velocidade em que nos chega a pergunta há de fluir a resposta incisiva e sem nenhum toque de indecisão… resposta simples: sim ou não, sendo descabidas quaisquer conjecturas do tipo vou pensar…será que convém ou qualquer outra evasiva reveladora de insegurança. Assim houve. Saímos juntos, Armando e eu e ao alcançarmos a rua teríamos de tomar rumos diferentes, cada um para o seu mundo, agora não mais com compromissos e objetivos comuns. Ele virou-se para mim e eu já estendia a mão para uma despedida formal, quando ele olhando nos olhos me disse: Gostaria de ficar com você o resto do dia em um lugar reservado. Olhei bem para o meu interlocutor e apenas acenei com a cabeça afirmativamente, no que ele me tocou no braço e me conduziu para atravessarmos a rua até chegarmos onde ele havia estacionado o carro. Tomamos a direção da rodovia que liga a cidade a um vilarejo de pescadores, margeando a orla, região montanhosa com vistas para o mar e alvo de cuidados especiais do governo local, portanto limpa, arborizada e muitos canteiros de flores, alem de quiosques onde se podiam ver grupos de pessoas, turistas naturalmente, desfrutando das maravilhas daquelas regiões tropicais. Pelo caminho fazia um “replay” da minha vida. Estivera casada com aquele homem por longos 21 anos. Havíamos construído uma vida em comum, com dois filhos já universitários e excelente situação financeira. Nunca havíamos discutido por qualquer motivo, embora tivéssemos visão diferente em alguns aspectos. A nossa convivência eu a tinha como saudável e ainda éramos jovens, ele próximo dos 41 anos e eu com 38 completos. O casamento simplesmente havia acabado sem nenhum momento de reflexão sobre os motivos reais da separação. Estávamos tentando resolver algumas questões domésticas e num determinado momento de divergência de opinião eu mesma sugeri que separássemos e o meu companheiro não titubeou. Concordou de pronto e saiu dali para providenciar a formalização daquele desfecho. De certa forma eu estava contente com a nossa decisão e sentia-me reconfortada com a aceitação de pronto do meu marido quanto ao divórcio, considerando que já fazia algum tempo que o casamento estava sem motivação. Eu tinha certeza absoluta que ele tinha se envolvido com outra pessoa e infidelidade, ainda que eu não soubesse exatamente com quem, eu não podia suportar. O desinteresse dele por mim era prova indiscutível dessa realidade. Acabávamos de sair do Tribunal, onde a reconciliação feita pelo Juiz não foi sequer considerada. Acho que respondemos negativamente ao juiz com a mesma rapidez com que ele propôs e eu aceitei passarmos a tarde juntos. Absorta em meus pensamentos, não me dei conta de que havíamos chegado a algum lugar, um hotel de beira de estrada. Me deixei conduzir de mãos dadas com o meu parceiro e então me acendeu lembranças de sutis reclamações do meu marido sobre a frieza do casamento e o meu desinteresse. As minhas atividades na editora haviam me requisitado demais nos últimos tempos e o sexo assim como outros compromissos domésticos e sociais haviam sido relegados. Sim, eu havia negligenciado e tinha certeza disto. Agora que estavam rompidos os laços do casamento eu tinha certeza de que aquele homem que amei tanto e ainda amava, tinha ficado de lado como se guarda alguns papeis no armário para serem examinados mais tarde, quando houver tempo, que as vezes nunca chega.

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